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gaveta de chuva
15 novembre 2008

De sombrio a obscuro

Numa manhã sombria, eu cheguei a pensar em passar uma lâmina na garganta depois de despejar duas garrafas: Ou seja, depois de me tratar da pior maneira possível.. Nesses tempos eu pensava que não entendia nada das portas que se abriam (até quando nos suicidamos). Provavelmente agora é pior. Eu sei bastante sobre portas e janelas, sobre paisagens vagabundas, candeeiros solitários, sóis obscuros, campos pedregosos, seres humanos perigosos… Eram as manhãs em que eu dizia ODEIO-TE, apenas porque não sabia amar. E amar até é fácil (eu nem sequer conheço o ódio). Basta sentir um contra-ataque ofegante contra o peito, basta ouvir um silêncio sem fim e, no fim, lanças-te no abismo de um beijo… E, parece que, já está. Mentira! Apenas ficamos mais tranquilos, ou melhor dizendo, menos ansiosos. Quase como um moribundo que espera a extrema unção. Com uma pequena diferença: a lâmina ou o revólver está ali ao lado, o vazio nos olhos, uma caixa de correio só com publicidade e facturas, cotão nos bolsos e no umbigo, a mesma praia de sempre (com menos areia dizes tu), uma criança crescendo desengonçada, a Primavera cada vez mais a Norte, pedras que tropeçam em nós, enquanto não dominas minimamente o teu corpo - estragam-te, e, quando dominas - estragas. primeiro julgas que é uma comédia, depois tudo é trágico Apesar de tudo, a morte nunca será uma preocupação, é uma perda de tempo porque afinal há tanta parvoíce antes. Há tantos hábitos criados que temos de repetir até à exaustão. E, já que ninguém escapa vivo, nada se pode levar a sério, porque ela está lá a rir-se de nós. Obscura mas com os dentes à mostra. Naqueles tempos eu chorava, agora nem isso. Todos nós secamos por dentro.
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